A surdocegueira é uma deficiência única em que o indivíduo apresenta ao mesmo tempo perda da visão e da audição. É considerado surdocego a pessoa que apresenta estas duas limitações, independente do grau das perdas auditiva e visual. A surdocegueira pode ser congênita ou adquirida e não é deficiência múltipla.
As pessoas surdocegas estão divididas em quatro categorias:
- Pessoas que eram cegas e se tornaram surdas;
- Que eram surdos e se tornaram cegos;
- Pessoas que se tornaram surdocegos;
- Pessoas que nasceram surdocegos, ou se tornaram surdocegos antes de terem aprendido alguma linguagem.
As crianças surdocegas podem apresentar perfis distintos, em função de vários aspectos:
· Características da interação que mantém com o meio, decorrentes do comprometimento dos sentidos de distância (audição e visão) e da disponibilidade do meio para interagir com elas utilizando formas adaptadas às suas necessidades:
- Grau de perda auditiva;
- Grau de perda visual;
- Outros comprometimentos associados, entre eles o motor e o neurológico;
- Período de aquisição da surdocegueira.
As pessoas com deficiência múltipla apresentam características específicas, individuais, singulares e não apresentam necessariamente os mesmos tipos de deficiência, podem apresentar:
- Cegueira e deficiência mental;
- Deficiência auditiva e deficiência mental;
- Deficiência auditiva e autismo e outros.
Crianças que apresentam graves comprometimentos múltiplos e condições médicas frágeis: Apresentam mais dificuldades no entendimento das rotinas diárias, gestos ou outras habilidades de comunicação;
- Demonstram dificuldades acentuadas no reconhecimento das pessoas significativas no seu ambiente;
- Realizam movimentos corporais sem propósito;
- Apresentam resposta mínima a barulho, movimento, toque, odores e/ou outros estímulos.
As características do meio socioeconômico e cultural no qual a criança está inserida pode desencadear atrasos no seu processo inicial de aprendizagem e desenvolvimento. Assim, as capacidades apresentadas por elas podem ser decorrentes não da deficiência em si, mas da relação entre a forma, o método e o conteúdo das interações vivenciadas, ou seja, a aprendizagem vai ser dependente do modo como a criança surdocega estabelece seu contato com o meio e este com ela, de qual o recurso utilizado na comunicação e a de sua capacidade de ser compreendida e de compreender as demandas do seu universo familiar, escolar, social e cultural.
O processo de aprendizagem da via de comunicação exige atendimento especializado, com estimulação específica e individualizada. Quando a criança é estimulada precocemente, ela adquire comportamentos sociais mais adequados e, também, poderá desenvolver e aprender a usar seus sentidos remanescentes melhor do que aquela que não recebeu atendimento.
A comunicação pode ser receptiva e expressiva. Muitas crianças surdocegas não desenvolvem a fala, no entanto podem expressar-se. Podem também receber as mensagens que lhes são transmitidas por outras vias sensoriais.
Comunicação receptiva é um processo de recepção e compreensão de mensagens. No caso da criança surdocega, por vezes é difícil determinar a forma como ela recebe as mensagens.
Comunicação expressiva é a forma como expressar desejos, necessidades e sentimentos. A criança surdocega utiliza normalmente formas de comunicação não-verbal tais como sorrisos, movimentos, mudanças de posição que podem ser compreendidos por adultos familiarizados. A comunicação com essas crianças exige dos adultos que trabalham com elas conhecimentos específicos sobre esse tipo de comunicação. Nesse processo, o professor deverá observar e esperar o tempo necessário que a criança surdocega precisa para entender o enunciado e para elaborar uma resposta. Essa tentativa de resposta envolverá, por parte da criança, a seleção do recurso de comunicação (gestos, sinais, emissão verbal, movimentos, expressões corporais, entre outros) e a adequação deste no processo interativo.
Bibliografia:
Nascimento, Fátima Ali
Abdalah Abdel Cader Educação
Educação infantil ; saberes
e práticas da inclusão : dificuldades de comunicação esinalização :
surdocegueira/múltipla deficiência sensorial. [4. ed.] / elaboração profª ms. Fátima
Ali Abdalah Abdel Cader Nascimento - Universidade Federal de São Carlos – UFSC/SP,
prof. Shirley Rodrigues Maia – Associação Educacional para a Múltipla Deficiência
- AHIMSA. – Brasília : MEC, Secretaria de Educação Especial, 2006.
1. Educação infantil. 2.
Pessoa com deficiências múltiplas. 3. Atendimento especializado.
4. Educação inclusiva. I.
Maia, Shirley Rodrigues. II. Brasil. Secretaria de Educação
Especial.
Achei muitíssimo expressivo a gravura inserida no texto. Desperta a atenção para as demais fontes de comunicação com o meio.Legal.
ResponderEliminarRosedélia,
ResponderEliminarMuito importante as informações contidas no texto. É de suma importância as leituras feitas e contexto do conteúdo abordado. Muito bom!!!