Educação
Escolar de Pessoas com Surdez – Atendimento Educacional Especializado em
construção.
Aluna: Rosedélia de Almeida Santos
Silva
A educação das pessoas com surdez há mais de dois séculos enfrenta o
dilema entre oralistas e gestualistas, com políticas e fundamentos
epistemológicos totalmente diferentes, ambos não conseguiram valorizar ou
desenvolver o potencial das pessoas com surdez, de forma que historicamente
continuam subestimadas, ou relegadas a condição de minoria. Por mais que as
Políticas estejam definidas, muitas questões e desafios ainda estão por ser
discutidos, muitas propostas, principalmente no espaço escolar , precisam ser
revistas para que possa trilhar caminhos consistentes e produtivos para
educação da pessoa com surdez.
A Pessoa com surdez precisa ser vista como diferente e não deficiente, pois
ela não o é, tem perda sensorial auditiva, o que a limita biologicamente para
essa função perceptiva, pois seus processos perceptivos, linguísticos e
cognitivos podem ser estimulados e desenvolvidos, é um ser biopsicosocial como
qualquer outro ser ouvinte.
É preciso construir um campo de comunicação e interação amplo,
possibilitando que as línguas tenham o seu lugar de destaque, mas que não sejam
o centro de tudo o que acontece nesse processo. Devem ser trabalhados no espaço escolar como um ser
que possui limitações e que essa
limitação devem ser reconhecidas e respeitadas, sem que justifique o fracasso escolar a esta
limitação. O fracasso escolar educativo das pessoas com surdez não está
relacionado a língua, mas as sim das práticas pedagógicas que não tem
construindo junto com a comunicação a instrução.
Para contrapor tantas divergências, ainda segundo Damázio(2005:
69-123) temos o AEE em três momentos didático-pedagógicos: AEE Em
Libras, AEE para o Ensino de Língua Portuguesa, AEE para o Ensino de Libras.
A tendência atual é a bilíngue, com o estudo da Libras e da Língua
Portuguesa conforme Decreto 5626 de 05 de dezembro de 2005, que traz o
Atendimento Educacional Especializado com a função de organizar o
trabalho complementar para a classe comum, objetivando
colaborar na construção da autonomia, independência social, afetiva, cognitiva
e linguística da pessoa com surdez.
O Atendimento no AEE traz uma organização didática e metodológica dividida
em três momentos didático-pedagógicos: Atendimento Educacional Especializado em
Libras, Atendimento Educacional para o ensino de Língua Portuguesa Escrita,
Atendimento Educacional Especializado para o ensino de Libras.
A aprendizagem significativa das pessoas com surdez na escola comum tem
alguns empecilhos com práticas filosóficas integracionaistas com roupagem de inclusivas,
segundo Damázio(2005).
O AEE em Libras ocorre diariamente em horário contrário ao da sala de
aula comum, é um espaço de ensino com estímulos visuais que colaboram com o
aprendizado dos conteúdos curriculares. O professor acompanha o plano de conteúdo
oficial da escola e trabalha antecipadamente à sala de aula comum, garantindo
uma melhor associação dos conceitos nas duas Línguas.
O AEE para o ensino da Língua Portuguesa escrita acontece na sala de
aula multifuncional em horário diferente ao da sala de aula comum, o trabalho é
desenvolvido por uma professora preferencialmente formada em letras com
conhecimento sobre os pressupostos linguísticos e teóricos. O AEE para o ensino
de Libras, é realizado pelo professor e/ou instrutor de libras(preferencialmente
por profissionais com surdez), o atendimento inicia-se com o diagnóstico do
aluno e ocorre de acordo com a necessidade, em horário contrário aos das aulas,
na sala de aula comum. Esse atendimento deve ser planejado com base no
diagnóstico do conhecimento que o aluno tem da língua de sinais. Esse
atendimento exige uma organização metodológica e didática especializada, não
podendo em hipótese alguma misturar Libras e a Língua Portuguesa, por isso é
importante que seja um professor com surdez, pois este favorece a naturalidade
no processo de aquisição da Língua.
O Atendimento Educacional Especializado deve ser visto como construção e
reconstrução de experiências e vivências
conceituais e a organização dos conteúdos não devem estar pautadas numa visão
linear, hierarquizada e fragmentada do conhecimento.
Bibliografia: DAMÁZIO, M. F. M.; FERREIRA,
J. Educação Escolar de Pessoas com Surdez-Atendimento Educacional
Especializado em Construção. Revista Inclusão: Brasília: MEC, V.5, 2010.