quarta-feira, 5 de março de 2014

Resumo: Educação Escolar de Pessoas com Surdez – Atendimento Educacional Especializado em construção


Educação Escolar de Pessoas com Surdez – Atendimento Educacional Especializado em construção.

Aluna: Rosedélia de Almeida Santos Silva

A educação das pessoas com surdez há mais de dois séculos enfrenta o dilema entre oralistas e gestualistas, com políticas e fundamentos epistemológicos totalmente diferentes, ambos não conseguiram valorizar ou desenvolver o potencial das pessoas com surdez, de forma que historicamente continuam subestimadas, ou relegadas a condição de minoria. Por mais que as Políticas estejam definidas, muitas questões e desafios ainda estão por ser discutidos, muitas propostas, principalmente no espaço escolar , precisam ser revistas para que possa trilhar caminhos consistentes e produtivos para educação da pessoa com surdez.
A Pessoa com surdez precisa ser vista como diferente e não deficiente, pois ela não o é, tem perda sensorial auditiva, o que a limita biologicamente para essa função perceptiva, pois seus processos perceptivos, linguísticos e cognitivos podem ser estimulados e desenvolvidos, é um ser biopsicosocial como qualquer outro ser ouvinte.
É preciso construir um campo de comunicação e interação amplo, possibilitando que as línguas tenham o seu lugar de destaque, mas que não sejam o centro de tudo o que acontece nesse processo. Devem  ser trabalhados no espaço escolar como um ser que possui  limitações e que essa limitação devem ser reconhecidas e respeitadas, sem  que justifique o fracasso escolar a esta limitação. O fracasso escolar educativo das pessoas com surdez não está relacionado a língua, mas as sim das práticas pedagógicas que não tem construindo junto com a comunicação a instrução.
Para contrapor tantas divergências, ainda segundo Damázio(2005: 69-123)  temos o AEE em três momentos didático-pedagógicos: AEE Em Libras, AEE para o Ensino de Língua Portuguesa, AEE para o Ensino de Libras.

A tendência atual é a bilíngue, com o estudo da Libras e da Língua Portuguesa conforme Decreto 5626 de 05 de dezembro de 2005, que traz o Atendimento Educacional Especializado com a função de organizar o trabalho complementar para  a classe comum, objetivando colaborar na construção da autonomia, independência social, afetiva, cognitiva e linguística da pessoa com surdez.
O Atendimento no AEE traz uma organização didática e metodológica dividida em três momentos didático-pedagógicos: Atendimento Educacional Especializado em Libras, Atendimento Educacional para o ensino de Língua Portuguesa Escrita, Atendimento Educacional Especializado para o ensino de Libras. 

A aprendizagem significativa das pessoas com surdez na escola comum tem alguns empecilhos com práticas filosóficas integracionaistas com roupagem de inclusivas, segundo Damázio(2005).
                                                                                    
O AEE em Libras ocorre diariamente em horário contrário ao da sala de aula comum, é um espaço de ensino com estímulos visuais que colaboram com o aprendizado dos conteúdos curriculares. O professor acompanha o plano de conteúdo oficial da escola e trabalha antecipadamente à sala de aula comum, garantindo uma melhor associação dos conceitos nas duas Línguas.
O AEE para o ensino da Língua Portuguesa escrita acontece na sala de aula multifuncional em horário diferente ao da sala de aula comum, o trabalho é desenvolvido por uma professora preferencialmente formada em letras com conhecimento sobre os pressupostos linguísticos e teóricos. O AEE para o ensino de Libras, é realizado pelo professor e/ou instrutor de libras(preferencialmente por profissionais com surdez), o atendimento inicia-se com o diagnóstico do aluno e ocorre de acordo com a necessidade, em horário contrário aos das aulas, na sala de aula comum. Esse atendimento deve ser planejado com base no diagnóstico do conhecimento que o aluno tem da língua de sinais. Esse atendimento exige uma organização metodológica e didática especializada, não podendo em hipótese alguma misturar Libras e a Língua Portuguesa, por isso é importante que seja um professor com surdez, pois este favorece a naturalidade no processo de aquisição da Língua.
O Atendimento Educacional Especializado deve ser visto como construção e reconstrução de experiências  e vivências conceituais e a organização dos conteúdos não devem estar pautadas numa visão linear, hierarquizada e fragmentada do conhecimento.



Bibliografia: DAMÁZIO, M. F. M.; FERREIRA, J. Educação Escolar de Pessoas com Surdez-Atendimento Educacional Especializado em Construção. Revista Inclusão: Brasília: MEC, V.5, 2010.